Sisy Gabriela Arias Paravicini
acreditava que pilotar um avião era como dirigir um carro: "Teu corpo e
tua mente já sabem o que você tem que fazer, você só precisa aproveitar o
passeio", afirmou a pilota em uma entrevista ao jornal boliviano El Deber no ano passado.
Sisy, que tinha 29 anos, atuava como parte da tripulação auxiliar no voo
da Lamia que transportava a delegação da Chapecoense e caiu perto de Medellin,
na Colômbia, deixando 71 vítimas fatais. Ela concluiu um curso de voo nos EUA e
depois voltou a seu país para ganhar experiência antes de tentar um emprego em
uma grande companhia aérea.
Sisy largou uma incipiente carreira de modelo e um trabalho na
Gigavision, emissora de TV de seu pai, o advogado, jornalista e apresentador
Jorge Arias, bastante popular na Bolívia. Dois de seus irmãos, Junior e Carly
Arias, são apresentadores da TV.
"Os pilotos têm a vida de
centenas de pessoas nas mãos. Isso não é uma pressão?", perguntou a Sisy a
repórter de El Deber. "Há diferentes tipos
de pressão", respondeu a pilota. "Um deles é publicar notícias para
que as pessoas possam ver, outra é carregar a vida de 300 pessoas e a dor da
família delas."
Ela tinha feito trabalhos como modelo de passarela e em eventos sociais
e iniciado um curso de atuação antes de se apaixonar de vez pela vida nos ares.
"Desde o momento em que reviso o avião antes de decolar para ver se está
em boas condições, é inexplicável. Às vezes você pensa que um motor pode
falhar e que talvez seja a última vez que você está em solo, mas logo lembro
que posso ir aonde quiser, e a sensação de estar lá em cima é incrível."
No dia do último voo do avião da Lamia, Sisy foi entrevistada por uma
equipe da Gigavision dentro da cabine de pilotagem. A matéria foi ar antes do
acidente e apresentada por sua irmã, Carly. "Vamos brindar-lhes com o
melhor serviço", disse a pilota auxiliar sobre a delegação brasileira. Na
matéria, também aparece o piloto principal da aeronave, Miguel Quiroga.
Sisy foi uma das sete integrantes da tripulação que morreram no
acidente. "Que Deusinho te guarde em sua glória, minha menina",
escreveu seu pai Jorge quando soube da morte da filha. "Te amo, te amei e
sempre te amarei. Aqui não há um adeus, mas você se adiantou um
pouquinho."
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