A FAB
(Força Aérea Brasileira) informou nesta terça-feira (19) que uma sequência de
falhas humanas, especialmente o cansaço dos pilotos, a falta de treinamento para
comandar a aeronave acidentada e o descumprimento dos procendimentos de
segurança para o pouso, e o mau tempo, determinaram a queda do avião que levava
o então presidenciável Eduardo Campos —
um jato Cessna 560XL, prefixo PR-AFA.
O acidente ocorrido em 13
de agosto de 2014 em Santos (SP) deixou sete mortos. O relatório do CENIPA
(Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da FAB,
foi antecipado aos familiares e representantes das vítimas do acidente. Segundo
o documento, o impacto da aeronave contra o solo foi a 694,5km/h.
Em longa e detalhada
explicação para a imprensa, o tenente coronel Raul de Souza, encarregado pela
investigação desse acidente aeronáutico, desde o dia 13 de agosto, explicou que
uma série de fatores provocaram a queda do avião.
Quanto às condições
físicas do avião, disse que "foram descartadas hipóteses como fogo na
aeronave, voo de dorso [cabeça para baixo/ e colisão em voo".
— Durante as comunicações
não houve qualquer chamada da tripulação que representasse uma condição de
emergência.
Em relação às condições
físicas dos pilotos, a investigação se aprofundou nos detalhes e mostrou que a
jornada de trabalho dos pilotos no mês de agosto de 2014 foi a seguinte:
"extrapolações entre os dias 1º e 5 de agosto; em conformidade nos sete
dias antes do acidente; e não foi possível determinar se a tripulação teve o
repouso adequado na noite anterior ao acidente".
No entanto, a análise da
situação do copiloto — agente importante para comandar o avião — indica fadiga.
Conforme o tenente da FAB, "resultados do exame pericial para os
parâmetros de voz, fala e linguagem indicaram que existia compatibilidade com
fadiga e sonolência do copiloto".
Outra razão que contribuiu para o acidente foi a falta de preparo da tripulação
para aquele modelo específico. Segundo o tenente coronel da FAB, o comandante
da aeronave operava o modelo XLS e passou a operar o XLSplus, que se acidentou.
— O fabricante previa um
treinamento para a adequação, segundo a FAA [a Anac dos Estados Unidos]. O
comandante não fez esse curso de aperfeiçoamento.
Tenente coronel da FAB apresenta
principais fatores do acidenteFabio Rodrigues Pozzebom/19.01.2016/Agência Brasil
Mau
tempo e rota
A aeronave de Campos
precisou arremeter uma vez antes de tentar novamente o pouso, uma vez que a
visibilidade havia caído de 8.000 metros às 8h para 3.000 às 10h. Portanto, as
condições meteorológicas eram adversas no momento do acidente, segundo o tenente
coronel Raul.
— Às 10h02min42s, o radar
em São Paulo [que não era responsável pelo monitoramento do avião] pegou a
aeronave porque ela teve que subir consideravelmente após a arremetida.
Após a desistência de
pousar, os pilotos resolveram adotar uma manobra a fim de encurtar o
procedimento de pouso em até 5 minutos — segundo a FAB, a tripulação sabia
dessa economia de tempo.
Por isso, o tenente
coronel foi categórico: "Tudo o que estamos fazendo aqui é para tentar
entender o que a tripulação fez sem cumprir os procedimentos
previstos".
— A tripulação sofreu
desorientação espacial provocada tanto pelas condições climáticas desfavoráveis
quanto por ter adotado rotas não previstas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário