Nenhum outro acusado da Lava Jato se defendeu tão mal tão bem
quanto a mulher de Eduardo Cunha, Claudia Cruz. Intimada, compareceu à
audiência com Sérgio Moro. De saída, informou que não responderia senão às
perguntas formuladas por seu advogado.
Foi ensaiada para o papel de dondoca
alienada, capaz de torrar US$ 1 milhão em compras de luxo, como apontado nos
autos, sem se preocupar com a origem do dinheiro. Com sua defesa, conseguiu
provar apenas que é uma ré indefesa. E ainda amarrou uma corda no pescoço do
marido, hospedado no PF’s
Inn de Curitiba.
Acusada de lavagem de dinheiro e evasão de
divisas, Claudia Cruz disse que não sabia que seu supercartão de crédito estava
vinculado a uma conta secreta no estrangeiro. Espanto! Só acordou para a
existência da conta quando ela foi bloqueada pela Justiça, em 2015. Pasmo!!
Sim, é verdade, assinou “vários papéis.” Entretanto, “se era de um cartão ou de
uma conta, eu não sei.” Estupefação!!! Quem lhe deu os documentos para assinar?
“Meu marido.” Hummmmm…
A certa altura, o advogado quis saber se
Claudia, como jornalista, não teve a curiosidade de perguntar ao marido de onde
vinha tanto dinheiro. E ela: “Veja bem, em casa eu não era jornalista, eu era a
Claudia e ele meu marido. Eu era mãe dos filhos e ali não tinha ninguém fazendo
entrevistas ou perguntando, nem nada. Eu era apenas esposa e mãe.” O doutor
caprichou na cena: E a senhora acreditava nisso? Esposa de mostruário, Claudia
sapecou: “Sim, eu não tenho motivo para desconfiar.”
Em algum momento, a defesa rota de madame
irá cruzar com as alegações esfarradas de Cunha. Mesmo depois de preso, o
marido-provedor sustenta a versão segundo a qual não possui propriamente contas
no exterior. É um mero beneficiário de aplicações feitas em seu nome por um
trust, organização que gere o patrimônio de terceiros. Não recebeu verba suja
da Petrobras. Não, não. Absolutamente! Fez fortuna no comércio exterior e no
mercado financeiro. Decerto incluirá nas alegações finais a última do papagaio.
Sempre que o noticiário o acusava de
corrupção, “o Eduardo ficava muito bravo, com muita raiva, socava a mesa, e eu,
idem”, disse a esposa modelo na audiência convocada por Moro. “Nesses momentos,
ele sempre repetia: o meu dinheiro é lícito.” Em franco processo de
autocombustão, Claudia Cruz deixou as autoridades em dúvida. Não sabem se ela é
uma inocente culpada ou uma culpada inocente. Mas uma coisa é certa: ficou
demonstrado que o cônjuge é o verdadeiro sexo oposto. Aproximou o marido do
forca. Fez isso por falta de opção.
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