CALUMBI (PE) - Robério, o vaqueiro vereador, faz sua
estreia na política no momento em que uma das grandes discussões no País é a
proibição da sua atividade, a vaquejada, pelo Supremo Tribunal Federal. A corte
julgou inconstitucional a lei cearense 15.299/2013, que regulamentava os
espetáculos de vaquejada no Estado. Com isso, a vaquejada passa a ser
considerada uma prática ilegal, relacionada a maus-tratos a animais e, por,
portanto, proibida.
A ação foi movida pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) e questionava, especificamente, a
legislação cearense. Contudo, a decisão do STF já foi aplicada em alguns
estados, como Pernambuco. O Ministério Público emitiu uma nova nota
técnica na qual afirma que os Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) agora não
são mais mecanismos que asseguram a continuidade das vaquejadas no Estado.
O documento traz série de
orientações aos promotores de Justiça com atuação na defesa do meio ambiente a
fim de guiá-los no trabalho voltado ao esporte, de forma que garantam o
bem-estar dos animais. Com o cumprimento do MPPE à determinação do Supremo
Tribunal Federal (STF), produtores desse tipo de evento terão que recorrer à
Justiça com antecedência, caso queiram realizá-lo, ainda assim sem a garantia
de que o pedido será atendido.
No Nordeste, a vaquejada é
esporte tradicional, só perde para o futebol. Lota arenas, dá prêmios
milionários, movimenta cifras expressivas em leilões, gera milhares de empregos
e ainda incentiva o mercado de melhoramento genético das raças. São três
milhões de adeptos dessa prática esportiva. Por ano, são mais de quatro mil
provas, um movimento econômico de R$ 600 milhões - de acordo com a Associação
Brasileira de Vaquejadas (ABVAQ), e ainda cresce 20% ao ano.
Mesmo em tempos de crise,
os eventos não param, são até 10 por fim de semana. Os vaqueiros estão de olho
nos prêmios, que vão de motos a R$ 300 mil a cada prova, que dura normalmente
três dias. É evento profissional que reúne empresas, criadores de cavalo –
especialmente do quarto de milha, e empresários. Brilham vaqueiros, cavalos,
boi, e muitos sertanejos vivem destas vaquejadas, trabalho que muitas vezes
envolve toda a família. São 700 mil pessoas trabalhando direta e indiretamente.
O esporte da vaquejada não
tem fronteiras, e com cifras tão expressivas ganhou outras arenas além do
Nordeste, estando também no Norte, e chegando ao Sudeste, especialmente no
interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais. O empresário e criador Jonatas
Dantas está há 30 anos neste mercado, saiu do sertão da Paraíba para o Rio de
Janeiro e é grande empreendedor da raça.
Proprietário do Roxão, um
dos principais garanhões da raça na modalidade vaquejada, e agora doador de
genética da vaquejada, ele fatura só com coberturas deste animal R$ 20 milhões,
em 700 filhos vendidos. E não para de investir, tem outros três garanhões
americanos e mantém qualidade top nos leilões onde no só no passado faturou em
2 deles, mais de R$10mi. “Esse é um mercado que não muda, nem mesmo com crise,
o que é bom, todo mundo busca. Temos tradição em animais selecionados para
vaquejada, corridas e tambor”- diz ele.
A cada evento de vaquejada
tem uma média de 550 duplas de vaqueiros, cada um gasta 1.100 reais em
inscrições. Negócio rentável para o trabalhador, para o vaqueiro, mas para toda
a indústria da vaquejada. No entorno da pista vende-se roupas, calçados,
artesanato e CDs. Para garantir animais geneticamente preparados existem
investimentos ainda maiores, adquirir um animal de qualidade passa
obrigatoriamente por leilões onde estão as principais linhagens vitoriosas para
vaquejadas, especialmente de quarto de milha, são quase 180 remates específicos
da área no ano, três leiloeiras especializadas.
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